terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ombaka ... um pouco de História. Benguela é uma cidade reino, Pátria dos Mdombes e do rei Mbaca.

Com a gentileza do http://benguelakovasso.blogspot.com***


A História da nossa Ombaca ( Benguela) começou há uns milhões de anos antes de nós, quando os gelos dos pólos consumiram o oceano o suficiente para por a descoberto a costa, desde a antiga Sorefame do Lobito até aos montes da exploração de cal do rei do gesso e toda a baixa do ribeiro da Caota, até ao sopé do plateau da Chimalavera.
As chuvas que sucederam ao período de grande seca que prolongava o deserto do Namibe até à floresta do Congo Há cerca de 1.000.000 de anos, fizeram o rio Coporolo, o Caota, o Coringe, o Cavaco, e o Catumbela despejar toda a terra que depois nós conhecemos, conquistando ao mar ano após ano, uma superfície de alguns metros de lama humosa, aqui e acolá fazendo aparecer charcos que se enchiam com água que se misturava com as infiltrações do mar.
Por cima dos platôs ou “mesas” que nós admirávamos (sobretudo quando estalavam os relâmpagos) eram então percorridos por grupos de caçadores desde o cimo das Bimbas ( conhecido por possuir uma grande densidade de árvores com uma madeira do tipo balsa semelhante à árvore de sumaúma), no vale do Cavaco, até arribas da Baía Farta, passando pela Caotinha, até ao Cuio.
Os primeiros grupos humanos ( dos quais restaram apenas os utensílios e os lugares onde fizeram esporádicos acampamentos) Maravilhavam-se, os mais afortunados, com as carnes dos magestososElephas Primigénios e o Deinotherium antepassados dos elefantes e demais alimárias, como o antepassado dos ondgiris ( ou olongos - Strepsiceros strepsiceros - kudu), mas seguramente seriam os moluscos bi e uni valves, ( como a mapamba, as quitetas, os cones e as ostras de rocha) e os caranguejos ( como ainda hoje são uma delícia) os elementos proteicos da base da alimentação e naturalmente as plantas comestíveis e os frutos.

Relacionados com esses vestígios estão, por certo os grupos humanos de Homo Erectus Rodhesiensis ( infelizmente não temos ainda vestígios ósseos deste período), conhecedores do fogo e das armas de arremesso que foram responsáveis por uma série de utensílios rudes, que vão dos seixos talhados uni e bi facialmente, às grandes lascas de quartzito talhadas com a forma de machado e os mais elaborados bifaces (os mais cotas conheciam da história do antigo 3º ano do Liceu como “coup de poing”’s) feitos de quartzo e quartzito que hoje estão no Museu da Faculdade de Ciências de Luanda e no mais recente Museu Nacional de Arqueologia em Benguela.


A corrente fria de Benguela continuava, como hoje, a trazer à costa os mamíferos conhecidos ( baleias, cachalotes, orcas e golfinhos) até onde hoje são os morros da costa, onde a praia, na altura, se encontrava ( 120 a 80 acima). Este tipo de instrumentos foram encontrados desde as Palmeirinhas a Sul de Luanda, até à Baía das Pipas no Namibe. E no Nordeste de Angola desde Cassange ao Dundo.

Quando isso acontecia, juntavam-se os grupos para as esquartejar e depois secar as suas carnes. ( na estação da Baía Farta, junto à mulola do Dungo, foi recentemente posta à luz do dia, por uma equipa do Museu Nacional de Arqueologia de Benguela, um esqueleto de uma baleia que foi “amanhada” por esses caçadores).

Mais ou menos entre 300.000 anos antes de nós, enquanto que na Europa os Gelos cobriam uma grande parte do Norte e centro e nas terras altas do Sul se formaram os glaciares, o mar inicia a sua lenta descida de nível dos mais ou menos 100 a 80m para o nível actual.

Mais tarde, por volta dos 15.000 anos, depois de vários ciclos de seca e de chuva, as areias terão coberto grande parte do solo, ficando a zona mais desértica, formando dunas e por essa altura, poderão ter chegado aos pântanos da baixa do Cavaco, os nossos patrícios mais ágeis e astutos parentes dos homenzinhos castanho-amarelado que nós chamávamos de mucancalas, hotentotes ou khoisan, deixando-nos os restos das suas oficinas de armas entre o Dombe Grande ( Tchitandalucúa) e a fazenda da Madame Berman ( e do José Maria Burgueira Calças). Assim andaram uns milhares de anos enquanto o Cavaco e os restantes rios e ribeiros sazonais lá iam arrancando mais terra das margens e despejando-a em direcção à kalunga. Poderão ter sido estes os anos mais felizes dos habitantes da bacia benguelense. Desta mesma época poderão estes sido companheiros de outros homens pequenos, mais fortes que os primeiros, os Mkuísses.

Cerca de 1300 anos da nossa era, ou talvez antes, começaram as grandes macas. Sucederam-se grupos tribais compostos por uns homens mais altos que os Mucuissis (hoje provavelmente extintos) de pele negra dizendo-se filhos de Suco, fazendo potes de barro, armados de janvites, lanças com lâmina de ferro e flechas com pontas de ferro e de quartzo. Provaram da água do Cavaco e do Coringe e gostaram … ( nessa altura corriam todo o ano). O massango e a massambala já era consumido no formato de pirão, mexido com os insubstituíveis lohícos, e no formato de cerveja ou melhor blunga ou quissângua, fermentada nas cabaças.

Chegam a Benguela os Mdombes do planalto da Ganda e Cubal, provavelmente, organizados em sobados, que antes instalados nas a bacias do Coporolo, e do Catumbela, no planalto, desceram até costa. È provável que seja aqui que surge o nome de Ombaka ou MBaka primeiro chefe que conduziu e instalou a sua gente para o vales do Catumbela, Cavaco e Coporolo.

Estamos no final do séc. XIV e sobretudo no Séc. XV, Os MDombes foram dali expulsos por povos mais organizados (e sobretudo maqueiros) mais agricultores do que pastores, mas sobretudo guerreiros, que terão atravessado o Catumbela avançando para Sul até chegarem a Quilengues ( antiga Caconda-a-velha) empurrando os desgraçados dos mdombes para as terras do Baixo Coporolo e Catumbela. Estou a falar dos actuais Muganda e MuHanha, construtores dos grandes povoados fortificados do Hondio (Ganda) e dos penedos-ilha da Quitavava (Pedreira para os altocatumbelenses) e da Pumbala (Pedra do Elefante).

Portanto: as vacas que o navegador português Diogo Cão encontrou, na Baía que tem o seu nome, ( hoje mais conhecida por Baía Azul, se calhar por este não cair bem aos donos das casas de praia) eram provavelmente dos Mdombes, pois estes eram os donos de gado com grandes cornos.

Enquanto os Mugandas se fixaram no planalto que vai da Ebanga, Luimbale até aos contrafortes da Chicuma, tribos de Ovimbundos, seus parentes, chegavam à costa entre o Egipto Praia e Porto Amboim (Benguela a Velha), no Século XV ou mesmo antes, fazendo deslocar os Madombes mais para Sul e estes fizeram o mesmo aos Mucuissis.

Para completar o quadro dos vizinhos benguelenses, faltam os Mucuissis e os Mussequeles ( também designados por mucancalas) da Equimina até Moçamedes, dizimados pelos pastores MuHumbis, pelos Kwanyamas e pelos esbeltos Muchirengues porque sendo caçadores, os primeiros não distinguiam os animais de Deus, dos animais dos segundos (nem fazia sentido). Os homens do puto do século XV ainda puderam ver os pequenos Mussequeles e os Mucuissis junto à costa quando chegaram para “plantar” os padrões.


A finalizar o quadro populacional só faltavam os Portugueses.
Primeiro na forma de lançados, ou tangos maus, vindos do puto por serem criminosos e ali deixados a cumprir pena e depois como soldados e bufarinheiros. A partir de 1550 os Brasileiros e os Holandeses no início do Século XVII estes últimos expulsos por volta de 1643. Em consequência destes, os cafusos e os mulatos de todos eles, que passaram a dominar populacionalmente e a assegurar as hordas de “pacaceiros” ,“funantes” e de comandar a chamada “guerra preta”, para caçar escravos.

Jorge Sá Pinto**

UEA anuncia promoção do Prémio Literário “Quem me dera ser onda” em Benguela

Benguela, 21/09  – O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), Carmo Neto, anunciou na semana finda, nesta cidade, a promoção, a breve trecho, do concurso literário infanto-juvenil “Quem me dera ser onda” na província de Benguela, para permitir que os jovens dos 11 aos 17 anos participem do concurso.
Intervindo no lançamento do livro “A Última Ouvinte”, da autoria do escritor Gociante Patissa, Carmo Neto prometeu trazer o prémio de cariz anual a Benguela, embora a intenção seja de o desenvolver em todas as províncias caso as condições permitirem.
De acordo com o também escritor, o prémio é destinado a crianças e adolescentes de escolas públicas e privadas do ensino de base e médio a fim de provocar neles o hábito à leitura e à escrita, estimulando-os assim à criativa literária no domínio da prosa de ficção, devendo concorrer ao abrigo dos critérios estabelecidos.
Segundo o responsável, está-se a tentar dar uma maior dimensão ao concurso de escrita infantil “Quem me dera ser onda”, pois a instituição tem recebido fascículos de jovens que escrevem artisticamente bem do ponto de vista literário, por isso é importante corresponder-se a essa motivação.
“Há dias acabei de ler um manuscrito de uma jovem de apenas 14 anos com cerca de cem páginas e muito bem escrito. Casos como estes acredito que existem em muitas partes do país”, revelou o secretário-geral da União dos Escritores Angolanos.
Explicou que a UEA vai cooperar no domínio da criação de outros prémios, a par dos que já existem, como o Prémio Literário António Jacinto, a fonte acrescentou que a União dos Escritores Angolanos tem institucionalizado o primeiro livro que vem ao encontro dos anseios dos escritores mais novos.
Aclarou que a UEA não vai por si mesma responder ou resolver os problemas da juventude em matéria de literatura, até porque há o Ministério da Educação e a família onde os pais têm um papel fundamental de influenciar os filhos ao gosto pela leitura, a ler os jornais e a comprar os livros.
“Há escolas primárias que são inauguradas sem bibliotecas”, notou, para quem o papel da educação literária não é só da UEA, isto porque ela é uma associação que complementa esta obrigação fundamental estadual.
Assinalou que enquanto associação, a UEA deve dar oportunidade àqueles que já tenham dado mostras de produzirem linguagem criativa e a preocupação não deve ser apenas a de dar expressão à liberdade de publicar mas de trabalhar mais na crítica literária.
“Nem tudo é publicável, razão pela qual os jornalistas devem ter o cuidado de não confundir um escritor com quem escreve um manual de matemática ou de fórmulas aplicativas de química”, rematou o escritor Carmo Neto. 
O prémio, que beneficiará por cada edição de 20 mil dólares norte-americanos do Banco Sol, ao abrigo de um acordo de cooperação no domínio literário para esse efeito assinado a princípio deste mês com a União dos Escritores Angolanos, visa despertar o hábito pela leitura e a escrita nas crianças angolanas.


Escritor Carmo Neto reconhece valor moral do livro “A Última Ouvinte” B

Benguela, 21/09 – O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), o escritor Carmo Neto, reconheceu sexta-feira, em Benguela, que o livro “A Última Ouvinte”, da autoria de Gociante Patissa, deixa uma lição de moral e secular de que as aparências enganam.
O responsável, que intervinha na cerimónia de lançamento da edição, reconheceu que na obra literária “A Última Ouvinte” o autor cria um consulado com vários ouvintes.
Para Carmo Neto, é com a subtileza literária usada pelo autor que o leitor descobrirá que por detrás de uma bela voz poderá estar uma miss, uma marreca feia, bruxa ou uma santa mulher, ficando a lição moral e secular do autor de que as “aparências enganam”.
Chamando a atenção das pessoas para que leiam e descubram o final do conto “A Última Ouvinte”, o escritor afirmou que o autor também bebe das “nossas tradições”, alertando ao leitor de que são os segredos e os sacrifícios que fazem o poder.
Igualmente explicou que não necessitou o autor de fazer o nó a gravata para que visse aprovado o seu livro e por conseguinte publicado e lançado.
O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos esclareceu que a ausência da UEA nas províncias se deve ao facto de o número de literatos não ser suficientemente representativo.
“Alguns questionam sobre as razoes por que a UEA não está presente nas províncias”, sublinhou, afirmando que no caso de Benguela, que tem uma tradicional herança cultural, foi institucionalizado um núcleo da união cujas instalações serão criadas.
“Temos um rebento justificativo do Gociante Patissa. Publicaremos a breve prazo Paula Russa e outros autores que justificam a existência de um núcleo da UEA em Benguela”.
Admitiu a possibilidade de essa acção ser estendida às províncias da Huíla e do Kuando Kubango, porque em ambas as regiões estão também presentes alguns autores.
Carmo Neto elucidou que a UEA não é uma organização de massas, daí que esteja presente lá onde o número de escritores justifique tal necessidade.
Por outro lado, disse que a associação não tem a função de ensinar a escrita criativa às pessoas, visto que essa missão cabe às escolas e às famílias.
“Enquanto auxiliares dessas instituições citadas, acolhemos aqueles que têm realmente talento à escrita criativa”, finalizou.
O livro “A Última Ouvinte” reúne sete contos inéditos iniciados em 2001 e que se baseiam em factos ficcionados pelo autor, nos quais se evidencia uma constante interferência de terminologias e linguajar em Umbundu, predominante na região centro e sul de Angola, segundo o texto explicativo inserto na contracapa da edição.
Além de “A Última Ouvinte”, complementam o livro, o segundo do autor do “Consulado do Vazio”, os contos “Os dentes do Soba”, “O Temível”, “os três braços do rio”, “Um natal com a avó”, “A morte da albina” e o “O Homem-da-viola”.

Trata-se de um livro com 93 páginas, editado sob chancela da União dos Escritores Angolanos (UEA), no âmbito da Colecção “Sete Egos”. Foi subvencionado pela Sonangol Holding e impresso no Brasil a cargo da Imprinta Express com uma tiragem de mil exemplares.

Daniel Gociante Patissa nasceu na comuna do Monte Belo, no município do Bocoio, província em Benguela, em Dezembro de 1978. É bacharel em Linguística Inglesa pela Universidade Katyavala Bwila e membro da União dos Escritores Angolanos.

Estreou-se no mercado literário há dois anos com o livro “Consulado do Vazio”, publicado sob a chancela da KAT em Benguela.

Assistiram ao acto de lançamento da obra, decorrido no auditório da Rádio Benguela, para além do secretário-geral da UEA, Carmo Neto, o escritor Francisco Soares, o reitor da Universidade Katyavala Bwila, poetas, trovadores, estudantes, familiares e amigos.

Gociante Patissa lança “A Última Ouvinte” em Benguela

Panorama da cidade de Benguela, anos 60 

Benguela, 21/09 - O escritor angolano Gociante Patissa lançou sexta-feira na cidade de Benguela um livro intitulado “A Última Ouvinte”, que reúne sete contos inéditos iniciados em 2001, e que vão desde a era colonial até ao fim do conflito armado.
A nova obra literária é uma colecção de contos que se baseiam em factos ficcionados pelo autor, nos quais se evidencia uma constante interferência de terminologias e linguajar em Umbundu, predominante na região centro e sul de Angola, segundo o texto explicativo inserto na contracapa da edição.
Além de “A Última Ouvinte”, complementam o livro, o segundo do autor do “Consulado do Vazio”, os contos “Os dentes do Soba”, “O Temível”, “os três braços do rio”, “Um natal com a avó”, “A morte da albina” e o “O Homem-da-viola”.

Falando ao OL, Gociante Patissa revelou que "A Última Ouvinte", um dos contos que compõem o livro, relata a estória de um jovem angolano apaixonado pela rádio, e que devido ao sofrimento com que se defronta começa a lavar loiça no exército.

Acrescentou que passados alguns anos, ele torna-se recruta e militar, trabalhando como radista, responsável pelas informações determinantes para o sucesso de missões durante uma guerra.

Após adoecer, continuou o autor, esse jovem viaja à cidade de Luanda onde ganha uma bolsa de estudo no curso de comunicação social que o permitiu de entrar mais tarde para rádio, onde se tornou fã seríssimo de uma ouvinte que se chama Esperança da Graça.
De acordo com o escritor, por causa de uma tragédia, o jovem deixa a profissão de radialista, daí que se atribua à criação literária o título “A Última Ouvinte”.

Trata-se de um livro com 93 páginas, editado sob chancela da União dos Escritores Angolanos (UEA), no âmbito da Colecção “Sete Egos”. Foi subvencionado pela Sonangol Holding e impresso no Brasil a cargo da Imprinta Express com uma tiragem de mil exemplares.

Daniel Gociante Patissa nasceu na comuna do Monte Belo, no município do Bocoio, província em Benguela, em Dezembro de 1978. É bacharel em Linguística Inglesa pela Universidade Katyavala Bwila e membro da União dos Escritores Angolanos.

Estreou-se no mercado literário há dois anos com o livro “Consulado do Vazio”, publicado sob a chancela da KAT em Benguela.

A inclinação de Gociante Patissa à literária revelou-se em 1996 quando participava de um programa infantil da Televisão Pública de Angola. Encarrega-se da edição do Boletim Informático, Educativo e Cultural o “A Voz do Olho” sendo também autor de diversos blogues nos quais publica poesia e crónicas, além de oficial de tráfego aéreo ao serviço da SonaAir-SA.

Assistiram ao acto de lançamento da obra, decorrido no auditório da Rádio Benguela, o secretário-geral da UEA, Carmo Neto, o escritor Francisco Soares, o reitor da Universidade Katyavala Bwila, poetas, trovadores, estudantes, familiares e amigos.