quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Presidente do Kabuscorp intervém para solucionar impasse por aumento da tarifa de táxi em Benguela



Benguela, 20 Out – O presidente das Organizações Kabuscorp do Palanca, o empresário angolano Bento dos Santos Kangamba, resolveu esta quarta-feira, no município do Lobito, intervir no impasse entre os taxistas e a Polícia Económica na província de Benguela, como resultado de um aumento desde terça-feira do preço de táxi de 100 para 150 na rota Lobito-Benguela e de 50 para 100 de e para os bairros em ambas as cidades.

Segundo o empresário desportivo, que falava num encontro com jornalistas, depois de já ter se reunido com os automobilistas, uma vez que os taxistas justificam a sua atitude repentina devido à subida do preço dos combustíveis no país, cada taxista, dos 1500 que operam nos referidos eixos rodoviários, vai receber nesta quinta-feira 400 dólares norte-americanos para custear as despesas da gasolina e do gasóleo durante mais de um mês.

De acordo com ele, a intervenção das Organizações Kabuscorpo do Palanca tem como principal objectivo ultrapassar esta situação, que terça-feira já criou prejuízos a centenas de trabalhadores do sector público e privado, daí que a expectativa seja de que todos os taxistas recebam a verba, retomem o trabalho e a crise termine.

Em meio a todo este impasse, Bento dos Santos Kangamba esclareceu que esta intervenção se destina exclusivamente a evitar um eventual caos que geraria a paralisação dos táxis, por isso com esse dinheiro os taxistas poderão comprar combustível para assegurar a circulação dos seus automóveis por mais de um mês.

“Interviemos como uma possibilidade a fim de que a circulação de táxis seja retomada a cem porcento e sem embaraços para se proteger os trabalhadores que para ir ao Lobito ou a Benguela dependem desses serviços”, sublinhou, considerando que está a cumprir apenas um dever moral e cívico, enquanto defensor da causa da juventude, transmitindo-a valores, auto-estima e força para viver e vencer as dificuldades materiais.

“Pretendemos prevenir quaisquer transtornos através dessa nossa intervenção, pois há trabalhadores e outros cidadãos que todos os dias apanham táxis”, acentuou, enfatizando que esta acção também concorre para a promoção da igualdade entre utentes de viaturas e aqueles sem estes meios.

A seu ver, a eventual paralisação dos táxis seria difícil para as crianças, jovens, adultos e idosos que sem esses meios vêem constrangimentos para se deslocar de um lado para o outro em ambas as cidades, isto porque o comboio dos Caminhos-de-ferro de Benguela deixou de circular na via-férrea Benguela-Lobito há cerca de três anos.

Avançou que recebeu o convite de jovens taxistas para mediar o impasse, acrescentando que o primeiro passo para a resolução do problema foi tomar consciência da sua dimensão e agir em defesa da população, através da subvenção do combustível no seio dos operadores de táxis que trabalham na principal via de ligação entre Lobito e Benguela, assim como nos bairros adjacentes a essas localidades.

Aproveitou ainda a oportunidade para alertar os taxistas sobre a importância de se organizarem em associação a fim de discutirem com as autoridades os problemas por que passam, visando a busca de consensos face às exigências actuais.

Quarta-feira, a maioria dos taxistas que operam no eixo Lobito-Benguela e na periferia das duas cidades iniciou manifestações e trava um braço-de-ferro com a Direcção Provincial de Inspecção e Investigação das Actividades Económicas, vulgo Polícia Económica, que os impediu de subir o preço da corrida de táxi.

Apesar de encontros já realizados entre a Polícia Económica, a Direcção Provincial dos Transportes e taxistas para se inverter o quadro, tal impasse perdura porque os proprietários das viaturas “azul e branco” desacataram o apelo da polícia, justificando a sua atitude em consequência da subida do preço dos combustíveis no país.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Seminário recomenda programas de sensibilização contra violência

Precisa-se de programas morais junto das comunidades
Benguela, 12 Out – Os participantes do seminário provincial sobre o tema “Violência na sociedade e Comunicação Social”, promovido nesta segunda-feira, em Benguela, junto dos jornalistas locais, recomendaram a necessidade de a média privilegiar programas educativos vocacionados à sensibilização das comunidades para a prevenção contra este fenómeno social, de maneira à diminuição dos casos afins no país.


Segundo um comunicado, lido no final do encontro que se realizou sob o lema” Informar, prevenir e intervir”, a fim de sensibilizar a sociedade angolana, sobretudo a classe jornalística local para a prevenção da violência, através da mudança de comportamentos, para tal se torna necessário a realização, cada vez mais, de acções de formação sobre este fenómeno social, privilegiando programas mediáticos de cariz pedagógico.

Os jornalistas e membros da sociedade civil presentes no certame, que também visou à capacitação para um melhor tratamento jornalístico sobre a problemática da violência, concluíram ser indispensável que se melhore a relação entre os jornalistas, as fontes de saúde pública, as instituições de justiça e os órgãos policiais nas questões de violência, para que a Comunicação Social exerça o seu papel nesse fenómeno.

Os participantes também realçaram a necessidade de se equacionar os factores culturais e tradicionais na abordagem da violência na sociedade, solicitando o concurso de especialistas no tratamento mediático do fenómeno da violência.

Uma das recomendações saídas do seminário tem a ver com a promoção permanente de acções de superação técnico-profissional dos jornalistas, privilegiando os princípios ético-deontológicos e da responsabilidade social inerentes ao exercício da Comunicação Social, combatendo o sensacionalismo e a falta de rigor.

Solicitando dos órgãos de Comunicação Social mais rigor e profissionalismo na abordagem de temas sobre crianças, jovens e mulheres, prestando maior atenção aos conteúdos dirigidos a esses segmentos sociais, os seminariandos enfatizaram a importância do seminário e destacaram o empenho do ministério da Comunicação Social, do Cefojor e da Direcção da Rádio Benguela para a sua materialização com êxito.

Para além disso, o seminário sobre violência destacou o empenho do Ministério da Comunicação Social no envolvimento dos médias na discussão e abordagem dos mais diversos fenómenos sociais, bem como pela sua aposta na formação e refrescamento técnico-profissional contínua dos jornalistas e quadros do sector.

O seminário analisou temas ligados sobre “O papel da Comunicação Social no combate à violência na sociedade”, “ A dimensão ético-deontológica da Comunicação Social”, “Violência na sociedade e o seu impacto na família e no desenvolvimento das crianças e jovens” e “Violência doméstica na legislação angolana e perspectivas de punição”.

Os assuntos insertos no programa do seminário foram dissertados por jornalistas e professores universitários idos de Luanda, como Patrício Cambuandy, Albino Carlos, Amilcar Xavier, Isidro Sanhanga, assim como a directora provincial da Família e Promoção da Mulher, Idalina Carlos, o chefe dos Serviços Provinciais do Instituto Nacional de Protecção da Criança (INAC), Ricardo Lourinho, e o chefe do Departamento de Crimes contra as Pessoas da Direcção Provincial de Benguela de Investigação Criminal (DPIC), o inspector-chefe Nelson Costa também dissertam no evento.

Ainda na província de Benguela, o Cefojor vai de hoje até sexta-feira realizar acções de formação e superação técnico-profissional "on job", para "nivelar" por alto as competências dos participantes para os desafios do futuro da comunicação e da globalização.

Apelada à disseminação de mensagens para combate à violência

Apelada à difusão de valores morais contra violência

Benguela, 12 Out – O director provincial de Benguela da Comunicação Social, Alexandre Lucas, alertou nesta segunda-feira, nesta cidade, para a importância de os médias disseminarem mensagens que promovam a tolerância, o perdão e o respeito pelos valores morais da sociedade, de maneira a reverter a tendência desenfreada à violência.

Intervindo no encerramento de um seminário sobre tema “Violência na sociedade e a Comunicação Social”, que visou à capacitação para um melhor tratamento jornalístico sobre a problemática da violência, o responsável apelou à divulgação permanente da parte dos médias dos bons exemplos de coesão, unidade e fraternidade no seio das famílias.

Asseverou ser imprescindível “entender bem e agir sobre os vectores que estabelecem a acção e o papel a desenvolver pela Comunicação Social, assim como a promoção de um quadro jurídico-legal mais rigoroso e abrangente que desincentive e coíba tais práticas”.

Considerando a violência uma temática que à escala crescente enferma e preocupa a sociedade angolana, daí que se deva divulgar uma mensagem que exalte os valores em oposição ao caos e estimule a boa conduta em contra-face ao descaso e à falta de auto-estima.

De acordo com ele, tais elementos, em última análise, estarão na base da frustração, medo, angústia, stress e estes, por sua vez, verdadeiros catalisadores da violência nas suas mais diversas formas.

Constatou que diariamente anúncios públicos veiculados pela imprensa revelam a dimensão do drama: depoimentos sofridos descrevem ambientes insanos, realidades perversas, por isso é imperioso redefinir-se o ambiente jurídico, aprofundar a visão social e no que toca aos jornalistas debater, compreender e difundir.

Acrescentou que o problema precisa de ser abordado, começando por saber o porquê das coisas, para que, com frieza e realismo, se promova um entendimento transversal que ajude a restaurar o valor, a importância e a dignidade das famílias.

Sublinhou que o mundo moderno e as suas diversas nuances, particularmente os desafios inerentes à globalização, aos anseios ligados à realização material dos indivíduos, a pressão exercida pelas necessidades de promoção e a ascensão social, o stress e o medo da falência pessoal e das organizações e ainda a ausência de valores tornaram as relações humanas num ponto muito sensível e de contornos perigosos.

“Há famílias que perderam o hábito do diálogo e pais que se ausentaram do convívio familiar, priorizando os desafios ligados à realização material, valores que deixaram de ser partilhados”, avançou o director, frisando que a célula base da sociedade afigura-se nos dias que correm frágil, vulnerável e corruptível, sendo a principal vítima as próprias famílias e os seus elementares anseios de felicidade e bem-estar dos membros.

Para si, a ausência dos pais e o diálogo eventual no seio das famílias fragiliza os laços entre os seus membros, abrindo alas para influências menos positivas, como são as que nos chegam da rua, do ambiente escolar e da má interpretação de determinadas mensagens produzidas pelos médias.


“A nossa colega da Família e Promoção da Mulher foi feliz quando disse «Na briga de marido e mulher vamos mesmo meter a colher no meio» ”, referiu, aconselhando a utilização deste refrão em campanha de educação cívica, pois o padrão do entendimento cultural em face ao problema relativo à violência doméstica reflecte uma prática de equidistância e aliamento, favorecendo à impunidade em desfavor das vítimas um pouco por todo o país.

O seminário analisou temas ligados sobre “O papel da Comunicação Social no combate à violência na sociedade”, “ A dimensão ético-deontológica da Comunicação Social”, “Violência na sociedade e o seu impacto na família e no desenvolvimento das crianças e jovens” e “Violência doméstica na legislação angolana e perspectivas de punição”.

Foram prelectores do encontro jornalistas e professores universitários idos de Luanda, como Patrício Cambuandy, Albino Carlos, Amilcar Xavier, Isidro Sanhanga, assim como a directora provincial da Família e Promoção da Mulher, Idalina Carlos, o chefe dos Serviços Provinciais do Instituto Nacional de Protecção da Criança (INAC), Ricardo Lourinho, e o chefe do Departamento de Crimes contra as Pessoas da Direcção Provincial de Benguela de Investigação Criminal (DPIC), o inspector-chefe Nelson Costa.


Os "poréns" da dicção, da voz e da vez...


             Três anos atrás, tornei-me, em nível da internet, num dos consulentes mais seríssimos e abnegados do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (http://www.priberam.pt ), segundo o qual, a “dicção é a maneira de dizer ou de pronunciar”


            Concordo que seja mais fácil ter uma boa dicção em português e se for uma coisa que saia naturalmente tanto melhor, mas acho que nem sempre isso acontece. Já me aconteceu ouvir pessoas falando em português e não perceber metade das palavras...Acho que num trabalho radiofónico, além de se pôr tudo a soar bem, deve-se verificar se se percebe bem o que o locutor está a dizer.

          Há pessoas cujo tipo de sonoridade não dá muita importância à dicção, mas à maneira de as coisas se encaixarem na leitura do texto noticioso, o que inclui os sons que se tira da fala, isto porque a voz como instrumento não pode ser só colocada e afinada... Se a música tem uma letra, essa letra tem que ser ouvida e entendida, falasse o cantor português, umbundo ou inglês.

          Acho que este género de coisas faz parte da aprendizagem da vida de um radialista ávido em melhorar, é parte do trabalho dele, que não deve ser deixado para segundo plano, por quem quer que seja... 
Os problemas de sotaque e dicção por acaso irritam um bocado... Mas quando se lê sem atropelos isto é a melhor coisa.

          Não sou crítico de nenhuma coisa, nunca fui, nem tenho esse interesse, mas se eu fosse um daqueles que assistiram à intervenção de quem visou desvirtuar o empenho na perspectiva de voz de um ou de vários repórteres, porque a sua pronúncia os agrada pouco, não temeria represálias do Altíssimo em oferecer uma constelação a quem se proponha de exibir as cicatrizes psico-emocionais decorrentes do balde de água gelada a si despejado de modo indefeso.









A matriz de uma dicção deve obedecer a esses critérios:



  • Respiração correcta como base para uma dicção perfeita;
  • A correcta articulação das vogais e consoantes;
  • Empostação da voz falada;
  • Projecção, ritmo, variação e colorido da voz.
Falar da dicção, talvez seja inevitável, afinal trata-se de um elemento de ordem fonética de inegável importância na história da rádio e igualmente, por extensão, da TV, por isso é mais compreensível a expectativa e o interesse criados em torno de quem se propõe a (des) folhar sobre tal tema.

        Se a ideia era discutir convenientemente a dicção, sua importância e vantagem no contexto comunicativo, e apesar da redundância a que esta pretensão, há muito ansiada, foi inesperadamente transportada, a coragem de um desses que ainda continuam a pronunciar, seja lá em que ritmo sónico for, para comunicar a maioria esmagadora do público angolano, continua intacta, mais viva do que nunca. E acenando no horizonte um moderado tom de esperança, de tal sorte que o meu amigo (a) não se afogue à beira-mar, depois de enfrentar todas as hecatombes da maré misteriosa.
   
        Haja os entretanto que houver, o debate ainda é o evento onde a capacidade de uns e de outros ganha maior visibilidade quanto o aquecimento planetário. O repórter que é agraciado com a indicação de melhor, ou que se auto-intitula “pronunciador de elite” costuma despertar o interesse do público e da mídia. Exemplo disso está à vista de quem quiser ver, ler ou ouvir um dos presumíveis melhores repórteres que prefira balancear a fazer o balanço.

                           Divulgo a minha segura e incontroversa adesão às correntes opinativas avançadas sobre a indispensabilidade da pronúncia no exercício da profissão e respeitosamente na de rádio e televisão, aliás, é por esta razão soberana e (in) conveniente que genuinamente vimos reacender os nossos ainda parcos conhecimentos de que precisamos para reabrir um debate que se quer cada vez mais forte, solidário e enriquecedor.

                         Relevante ainda se torna que “pessoas estranhas ao serviço” não nos surpreendam nas redacções sob pena de nos coibir de secularizar o debate inserto no âmbito da trégua que queremos firmar com os erros sobejamente comuns, imprevistos, infelizes e alheios à nós.

                         Ora bem, não é menos verdade a tese humilde de que a pronúncia quando correcta e associada a um texto modesto contribui para uma interpretação feliz, factor sine qua non para o alcance da excelência da parte do jornalista que mesmo acorda sonha em ver um público bem informado.

                         Mas, como tudo na vida, existem excepções à regra, ou seja, não podemos e nem devemos levar ao martírio ou complexificar o caso de alguns escrevedores ou locutores hodiernos que, por “eme” razões a si alheias, não desfrutam, ainda que o queiram, presumivelmente a apetite de desfilar na passarela da voz da vez, uma pronúncia que agrade este ou aquele ouvinte ávido de receber no aparelho as pérolas de Fernando Pessoa ou até do Nobel da Literatura José Saramago, ambos de azarenta memória.

                        Quero com isto tentar dizer, sobretudo lembrar-vos de que o português é, e estou optimista de que sempre será, uma língua veicular, visto que foi implantada por força de circunstâncias históricas, como aprendemos nas classes de base. Sendo assim, não deve ser motivo de polémica o facto de alguns colegas cometerem erros de pronúncia, ou seja, deve haver aqui a solidariedade de quem se preze “ao nível do mar” de procurar, ainda que custe, ajudar alguns a superar certas inconveniências frásicas, por assim dizer.

                       Até porque, não me restam sombras de dúvidas de que se alguns têm uma pronúncia que se confunde com determinados falares genuínos de Portugal, descurando desde já os dos Açorianos, porque, como ouvimos, não costumam ler nenhum jornal lá no país do célebre Luís Vaz de Camões, poeta que morreu sem sequer uma conta bancária, tem a ver com o facto de terem tido a oportunidade cobiçável de comprar gramáticas a partir das editoras lisboetas, algarvias ou alentejanas.

                        Eu nasci na Ganda, quando numa sexta-feira o calendário gregoriano registava dia 20, mês Junho e ano de 1986. Tendo dois anos depois chegado a Benguela, porventura numa fase delicada em que minha mãe, sobre quem nunca falei em palco, estava radiante porque tinha consigo com êxito “jamais exitoso” me desamamentar.

                        Nas 47 casas por onde minha família e eu já passamos na qualidade de arrendatários, quiçá fossemos vencedores anónimos em arrendamento, a lufada de ar fresco que trazia um cheiro a poesia e a tão apregoada civilidade juntaram-se numa só fórmula e influíram na transformação da minha ainda hospitalizada pronúncia, à espera do soro da dicção para receber alta e ir festejar com o primeiro microfone, que eu encontrasse fosse como e onde fosse, mas devido à cegueira e à surdez de que este padece desde que foi gerado algures no mundo, não consegui ainda transformar a minha estimada voz numa música ambiente que agradasse a todos que visitam a dita acolhedora cidade das Acácias que rubram.

                        E, agora, o Umbundo, que eu deveria e poderia ter aprendido caso a guerra não me obrigasse a despedir-me sem sequer dizer adeus aos meus avós, escapou-me sem que eu o segurasse, porque ainda tinha as mãos mais dedicadas às bancadas daquela vizinha para comer ou, como gostavam de me acusar, furtar bolachas Maria salgadas sem recurso aos truques de Kung Fu. A ditadura do tempo não me vendeu a oportunidade de nascer na minha ainda interessada e ávida gramática cerebral o domínio e a fluidez dessa língua que é nacional.

                   Mas também defrontei-me com a desvantagem de afinal de contas não poder assimilar as milhentas entradas lexicais lusitanas, o que faz com que eu saiba umas coisas e outras não.

                    Longe de pretender polemizar um assunto espalhafatoso e percebível, talvez ainda possa me arriscar a dizer que se eu, tu, ele, nós, vós e eles tivessemos nascido em Cabinda, no Uíge, em Camacupa ou Kuito Cuanavale, não teríamos uma pronúncia igual a que teve Alda Lara, ou que tem aquele doutor da Universidade de Coimbra lá em Portugal.

                    Como gosto de assinalar o ponto final para não abdicar do laconismo, vale a pena dizer que se a dicção não vier ao encontro da voz nada acontecerá à vez no aquário, até porque o regionalismo, ainda que enteado, deve ser abraçado, porque é dele que continuamos a navegar nas galáxias gramáticas, ou seja, para nós estarmos aqui, foi um acto de coragem daquele professor que no seu dinsse, djoven e outras gorduras, vimo-nos na obrigação moral de ajudarmos com a mais alta solidariedade os nossos repórteres de cuja voz alguns fingem não aprender nada e nós prometemos continuar a entender dela a notícia da inauguração da escola.

                  Há os que pretendem, feliz e concorrentemente, realizar uma conferência de doadores de conhecimentos para que um dia os aviões voem mais baixo possível para não escamotear a beleza das nuvens, mas aguarda-se que este voo não abalroe contra mim nem contra ti, mesmo que a nossa pronúncia seja cacofónica.
Se improvisar recomenda-se para superar o declive da montanha russa que sub-repticiamente, então que se aposte na dicção angolana com todos os pontos nos “i” e traços nos “t”.

                  Para não haver mais poréns, é necessário apostar no estado emocional adequado para o sucesso de uma apresentação; na superação do medo e da inibição, criando um estado emocional apropriado para se expressar com espontaneidade e confiança; a preparação psicológica para desenvolver uma atitude mental positiva; o uso da energia interior a seu favor; desenvolvimento da autoconfiança e do entusiasmo e o desenvolvimento da expressividade.


Por José Honório 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Golo histórico em Kigali ainda causa emoção a Akwá


Luanda, 7 Out – Passados quatro anos desde que aos 84 minutos do jogo de 8 de Outubro de 2005, em Kigali, apontou o golo que qualificou Angola ao Mundial de futebol (Alemanha2006), o ex-capitão dos Palancas Negras Fabrice Maieco "Akwá" ainda recorda a data com emoção e sentimento de dever cumprido.

Em entrevista à Angop, o signatário do único tento rubricado de cabeça e do qual a selecção nacional venceu, por 1-0, o Rwanda, reconhece que o feito constitui motivo de orgulho, pois concretizou a classificação inédita do país para a fase final da Copa de futebol na Alemanha.

Akwá manifesta-se regozijado e reconfortado por ter cumprido, o que considera "dever": "Tal como um soldado que atinge a meta, fiz a minha parte". Para si, o apuramento era um dos objectivos de Angola.

Encorajou os jogadores da selecção para se empenharem com atitude e ousadia no cumprimento da sua missão desportiva e honrarem as cores da bandeira nacional, sobretudo nos momentos decisivos, como aqueles que se viveram a 8 de Outubro em Kigali.

O antigo camisola 10 dos Palancas Negras lembrou que as dificuldades de jogar em casa do adversário exigiram dos angolanos calma e controlo emocional para que se triunfasse frente ao Rwanda e se deitasse por terra as aspirações da Nigéria.

Realçou que a participação na fase final do Campeonato Mundial na Alemanha fez com que o futebol angolano mudasse positivamente, dado que os jogadores passaram a ser muito mais conhecidos, valorizados e solicitados por conceituados clubes europeus.

O ex-futebolista, também alcunhado "menino de ouro de Benguela" nas lides do desporto-rei, salientou que depois do Alemanha2006, o país aumentou a confiança em relação a sua presença noutras provas do género, embora a selecção tenha fracassado o acesso para África do Sul em 2010.

Desejando que a histórica vitória em Kigali inspire futuras gerações de futebolistas, o ex-capitão ainda acredita que a presença angolana naquela competição foi um dos factores que levaram a que o país ganhasse a organização do CAN2010.

O ex-goleador-mor dos Palancas Negras afirmou que enquanto avançado dos Palancas desempenhou as suas tarefas com à-vontade, considerando haver evolução na modalidade somada ao facto de granjear maior respeito e admiração junto das demais seleçcões africanas.

"Dados os novos ventos no futebol nacional, hoje temos mais futebolistas a competir no Velho Continente (Europa), como o Manucho Gonçalves, ao serviço do Valladollid, da primeira divisão espanhola, e o Santana Carlos, do Vitória de Guimarães, de Portugal", acentuou.

Ao serviço da selecção, Akwá marcou mais de 30 golos em 14 anos de carreira, iniciada em 1993, pelo Nacional de Benguela, passando pelo SL Benfica (1994/95), Alverca (1996/97) e Académica de Coimbra (1998). Ainda em 1998, rumou à Ásia (Qatar), onde alinhou pelo Al Wakrah (1998/99), sagrando-se melhor marcador da liga local, Al Gharafa (1999/2001) e Qatar SC (2001/2005).

Em finais de 2005, voltou ao Al Wakrah até 2006. Encerrou a trajectória futebolística no Petro de Luanda, em 2007. Agora é deputado pela bancada do MPLA.

*Com ANGOP


Membros das Redes de Protecção da Criança capacitados em políticas sociais

Precisa-se de melhor protecção da criança angolana 

Benguela, 07 Out – Pelo menos 47 membros das Redes de Protecção e Promoção dos Direitos da Criança, entre representantes de instituições estatais e não-governamentais da província de Benguela, participam desde esta quinta-feira, num workshop de capacitação para revitalização da implementação das políticas vocacionadas ao bem-estar dos menores.

Promovido pela Direcção dos Serviços Provincial de Benguela do Instituto Nacional da Criança (INAC) e parceiros, o encontro, do qual ainda participam representantes da província do Zaire, visa refrescar os conhecimentos dos distintos sectores das redes para se corrigir as debilidades na execução das acções de protecção, mobilização e sensibilização social a favor da criança.

Os participantes no evento, que se realiza até sexta-feira, abordam temas sobre “Posicionamento institucional, missão e visão do INAC no actual contexto”, “Relatório sobre a situação da criança na província de Benguela”, “A garantia dos direitos da criança na legislação angolana”, “A Carta Africana e a Convenção sobre os Direitos da Criança” e “As políticas públicas e os 11 Compromissos na realização dos direitos da criança”.

Segundo o director provincial de Benguela dos Serviços do INAC, Ricardo Lourinho, o workshop tem a particularidade de contar com a presença das redes de protecção dos municípios do interior da província de Benguela, constituídas há dois anos.

Classificou como importante a intervenção dos representantes do Zaire no certame, já que a província faz fronteira com a Republica Democrática do Congo e, nela, aspectos culturais têm vindo a levar a que algumas crianças sejam acusadas de feiticeiras, embora esta situação esteja a diminuir nos últimos tempos devido ao trabalho das redes.

Informou que apesar de a província de Benguela estar sem registo de casos semelhantes, já há alguma tendência para tal, razão por que se torna necessário que todos os parceiros das redes de protecção à criança sejam capacitados sobre as tarefas essenciais que devem desenvolver.

De acordo com Ricardo Lourinho, além disso, a sessão também vai dedicar especial atenção à implementação dos 11 Compromissos assumidos pelo governo para o desenvolvimento integral da criança e analisar os constrangimentos que porventura existam.

Avançou que uma das finalidades que estimularam a realização da actividade tem a ver com a renovação de mandatos das redes para os próximos anos face ao princípio de rotatividade de quadros, de modo a dar uma nova dinâmica ao seu funcionamento.

Explicitou que a rede é um órgão de articulação e mediação, no qual todos os actores sociais devem falar a mesma linguagem de maneira que giram os esforços e recursos para a uniformização das acções em prol da criança.

Também revelou a existência, no seio das redes, de dificuldades operacionais e financeiras que condicionam a sustentabilidade para aquelas funcionarem, isto porque para se deslocar aos municípios, às comunas e às aldeias são necessários recursos e meios.

“Apesar disso, tudo tem sido feito para que em cada município se encontrem mecanismos através da utilização de recursos e meios locais no sentido de se efectivar o desiderato das redes de protecção e promoção dos direitos da criança”, finalizou.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Angospencer conclui 32 das 92 casas para jovens em Benguela

Benguela, 5/Out – Pelo menos trinta e duas casas sociais, das 92 previstas na província de Benguela, no âmbito do Programa Angola Jovem, vocacionado à minimizar a elevada procura por habitação da parte da juventude já estão concluídas a fim de que sejam apetrechadas e entregues ao Governo.

A garantia foi dada segunda-feira à imprensa, pelo vice-presidente da Angospencer, Carlos Gomes, a propósito da visita do vice-ministro para a Juventude, Yaba Pedro Alberto, ao projecto em implementação no bairro Nossa Senhora da Graça, nos arredores da cidade de Benguela.

Segundo o responsável, apesar de o projecto contemplar 92 fogos habitacionais, as casas, cuja estrutura é formada por três quartos, cozinha, sala ampla e casa de banho, vão ser dadas faseadamente ao Executivo, ao abrigo de um acordo com o Ministério da Juventude e Desportos.

Revelou a existência de condições para a entrega das restantes 60 casas até ao dia 4 de Fevereiro de 2011, já que foram ultrapassados alguns obstáculos de natureza técnica e financeira com que a obra se defrontava.

E quanto à vedação das residências, disse tratar-se de uma questão técnica que está a ser acertada, pois é um elemento acessível de se poder executar a qualquer altura.

Considerou que as habitações vieram ao encontro das pretensões dos jovens devido às dificuldades por que passam para obter uma residência própria.

“O projecto é de âmbito nacional e chega num bom momento, nesse caso se outras estruturas tomassem iniciativas do género contribuiriam para minorar o “grande” défice habitacional que grassa sobretudo na camada juvenil angolana”, referiu.

Afirmou que as casas dispõem de condições de habitabilidade aceitáveis e estão num nível médio, isto é, acima daquilo que se pode considerar uma casa social, respondendo assim à necessidade da juventude nesse domínio.

Assinalou que os jovens vão encontrar nessa iniciativa do Ministério da Juventude e Desportos, também decorrente do Programa Nacional de Habitação, a solução por que procuram para ultrapassar os problemas de habitação que afectam às suas famílias.

De acordo com Carlos Gomes, a edificação das casas está a ser sustentada por uma tecnologia italiana moderna que garante maior rapidez, durabilidade, resistência e largas vantagens térmicas e acústicas apropriadas ao clima do país.

“É uma tecnologia que era desconhecida. A fomos buscar na Itália para dar respostas à grande dificuldade de acesso à habitação social que aflige a juventude e não só”, avançou, ressaltando que tais casas podem ser erguidas num prazo de 20 dias.

Ainda hoje, o vice-ministro para a Juventude, acompanhado do vice-governador provincial de Benguela para o Sector Económico e Social, Agostinho Felizardo, reuniu com o empreiteiro e o director local das Obras Públicas, Elmano Inácio, para se inteirar do actual estado de implementação do projecto de casas sociais.
Entretanto, a visita de trabalho que o governante realiza em Benguela tem a duração prevista para três dias, durante a qual se vai informar do funcionamento do Centro de Formação Profissional de Construção Civil do Luongo, da execução do Projecto Crédito Jovem, além de outras actividades.