Benguela, 21/09 – O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), o escritor Carmo Neto, reconheceu sexta-feira, em Benguela, que o livro “A Última Ouvinte”, da autoria de Gociante Patissa, deixa uma lição de moral e secular de que as aparências enganam.
O responsável, que intervinha na cerimónia de lançamento da edição, reconheceu que na obra literária “A Última Ouvinte” o autor cria um consulado com vários ouvintes.
Para Carmo Neto, é com a subtileza literária usada pelo autor que o leitor descobrirá que por detrás de uma bela voz poderá estar uma miss, uma marreca feia, bruxa ou uma santa mulher, ficando a lição moral e secular do autor de que as “aparências enganam”.
Chamando a atenção das pessoas para que leiam e descubram o final do conto “A Última Ouvinte”, o escritor afirmou que o autor também bebe das “nossas tradições”, alertando ao leitor de que são os segredos e os sacrifícios que fazem o poder.
Igualmente explicou que não necessitou o autor de fazer o nó a gravata para que visse aprovado o seu livro e por conseguinte publicado e lançado.
O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos esclareceu que a ausência da UEA nas províncias se deve ao facto de o número de literatos não ser suficientemente representativo.
“Alguns questionam sobre as razoes por que a UEA não está presente nas províncias”, sublinhou, afirmando que no caso de Benguela, que tem uma tradicional herança cultural, foi institucionalizado um núcleo da união cujas instalações serão criadas.
“Temos um rebento justificativo do Gociante Patissa. Publicaremos a breve prazo Paula Russa e outros autores que justificam a existência de um núcleo da UEA em Benguela”.
Admitiu a possibilidade de essa acção ser estendida às províncias da Huíla e do Kuando Kubango, porque em ambas as regiões estão também presentes alguns autores.
Carmo Neto elucidou que a UEA não é uma organização de massas, daí que esteja presente lá onde o número de escritores justifique tal necessidade.
Por outro lado, disse que a associação não tem a função de ensinar a escrita criativa às pessoas, visto que essa missão cabe às escolas e às famílias.
“Enquanto auxiliares dessas instituições citadas, acolhemos aqueles que têm realmente talento à escrita criativa”, finalizou.
O livro “A Última Ouvinte” reúne sete contos inéditos iniciados em 2001 e que se baseiam em factos ficcionados pelo autor, nos quais se evidencia uma constante interferência de terminologias e linguajar em Umbundu, predominante na região centro e sul de Angola, segundo o texto explicativo inserto na contracapa da edição.
Além de “A Última Ouvinte”, complementam o livro, o segundo do autor do “Consulado do Vazio”, os contos “Os dentes do Soba”, “O Temível”, “os três braços do rio”, “Um natal com a avó”, “A morte da albina” e o “O Homem-da-viola”.
Daniel Gociante Patissa nasceu na comuna do Monte Belo, no município do Bocoio, província em Benguela, em Dezembro de 1978. É bacharel em Linguística Inglesa pela Universidade Katyavala Bwila e membro da União dos Escritores Angolanos.
Estreou-se no mercado literário há dois anos com o livro “Consulado do Vazio”, publicado sob a chancela da KAT em Benguela.
Assistiram ao acto de lançamento da obra, decorrido no auditório da Rádio Benguela, para além do secretário-geral da UEA, Carmo Neto, o escritor Francisco Soares, o reitor da Universidade Katyavala Bwila, poetas, trovadores, estudantes, familiares e amigos.
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