quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pescadores baianos consideram novas embarcações estratégicas para criação de emprego

 Os pescadores organizados em cooperativas de pesca artesanal no município da Baía Farta, 25 quilómetros a Sudoeste da cidade de Benguela, consideraram as novas embarcações, que o Governo os tem dado, no âmbito do Programa de Modernização da Frota Pesqueira do País, um factor decisivo na criação de mais empregos tendentes à erradicação da fome e da pobreza no seio da população.

Numa reportagem efectuada pelo Ombaka das Letras, à movimentada Praia das Dragas, no município da Baía Farta, onde a maioria dos pescadores artesanais trabalha sem parar dia-a-dia, o peixeiro José Fonseca, de 30 anos, disse que os novos barcos, além de estarem a apoiar a pesca artesanal, têm permitido que muitos jovens desempregados sejam inseridos no mercado de trabalho, por forma a lhes dar rendimentos que os sirva para sustentarem as famílias pelas quais são responsáveis.

O marinheiro, para quem há uma clara satisfação no seio dos pescadores pelos resultados do Programa de Modernização da Frota Pesqueira angolana, nos últimos tempos havia no município da Baía Farta um elevado número de jovens que carecia de postos de trabalhos, mas desde que começaram a ser alocadas as referidas embarcações à localidade já se está a minimizar pouco a pouco as taxas alarmantes de desemprego.

Na opinião do entrevistado, a Baía Farta é uma zona potencialmente piscatória a nível do país, pelo que, agora, deve e pode voltar aos tempos áureos em que registava altos índices de captura do pescado, bastando apenas que o Governo angolano continue a apetrechar as cooperativas e associações de pescadores artesanais com os novos equipamentos, que também dão um contributo indispensável na melhoria da qualidade de vida dos beneficiários.

Enquanto isto, Francisco Cachiquele, de 24 anos, 10 dos quais pescador, considera que a melhoria substancial da actividade piscatória está dependente da sequência da entrega de mais embarcações para facilitar a pesca artesanal, já que, agora, “o peixe tem sido mais apanhado numa distancia de 300 milhas da costa, onde as chatas não conseguem alcançar”, frisou.

“Mas, se tivéssemos uma maior quantidade de embarcações aqui no município da Baía Farta faríamos muito tudo em prol do aumento dos níveis de capturas, ou seja, numa semana poderíamos adquirir quatro toneladas de pescado, o que seria de extrema importância a fim de suprir as necessidades alimentares da população local e não só”, realçou.

Já Filipe Canjongo, 28 anos, reconheceu que a concessão de mais barcos modernos impõe-se como um dos pressupostos fundamentais para se aumentar a produtividade piscatória, porquanto os pescadores conseguiriam alcançar as zonas potenciais de pesca, com particular destaque para o Chingo, onde há mais peixe, ao invés do Sombreiro e Chamume.

Por sua vez, Eduardo Manuel, que trabalha nesta actividade de pesca desde 1974, e membro da associação de pescadores artesanais “Tutikovela”, em Umbundo, traduzindo em português, “Estamos a Espera”, disse que as embarcações estão a ajudar sobremaneira a vida dos associados, embora apresentem avarias constantes nas respectivas bombas, nos rádios e nas sondas, o que tem sido um calcanhar de Aquiles, pois leva aos menos uma semana para superá-la e é onerosa.

Assim, de acordo com o interlocutor, com estas avarias praticamente a actividade piscatória fica temporariamente paralisada, o que às vezes cria embaraços para a vida dos pescadores, pelo que, sugere a necessidade de as autoridades governamentais avaliarem técnica e profundamente os novos barcos para que tenham maior tempo de utilidade.

As embarcações já citadas estão equipadas com tecnologia avançada e completa de navegação marítima e de pesca, com destaque para o Sistema de Posicionamento Global (GPS-sigla em inglês), um porão para armazenar duas toneladas e meia de pescado. Nela podem trabalhar seis pescadores.

Na sequência da entrega das novas embarcações de apoio à pesca artesanal aos pescadores organizados em cooperativas e associações na província, o Instituto de Pesca Artesanal (IPA) prevê que 25 mil toneladas de pescado sejam capturadas anualmente, em Benguela, contras as actuais 17.

A província de Benguela controla actualmente um número estimado de cinco mil e 700 pescadores artesanais, na sua maioria do município do Lobito.

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